Caso Leopoldino: 26 anos da morte do juiz que denunciou venda de sentenças na Justiça de MT
Morte de juiz completou 26 anos Há 26 anos, denúncias contra desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), envolvendo venda de sentenças, ma...

Morte de juiz completou 26 anos Há 26 anos, denúncias contra desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), envolvendo venda de sentenças, manipulação de concursos públicos e até ligação com o narcotráfico, chegaram à CPI do Judiciário por meio do juiz Leopoldino Marques do Amaral. Poucas semanas após levar o caso às autoridades e ganhar repercussão nacional, o magistrado foi encontrado morto. Esta reportagem faz parte da série do g1 em comemoração aos 60 anos da Rede Mato-grossense de Comunicação (RMC), que relembra grandes coberturas realizadas pela TV Centro América. As denúncias feitas por Leopoldino foram exibidas em rede nacional pelo Jornal Nacional, no dia 9 de agosto de 1999. Em entrevista dada em 18 de agosto, o magistrado afirmou em entrevista exclusiva que estava sendo ameaçado (assista acima). "Eu não vou para, a não ser que alguém me mate", declarou o juiz. Menos de um mês depois, em 7 de setembro, o juiz foi encontrado morto com dois tiros na cabeça, em uma estrada de terra na região de Concepción, no Paraguai. A morte do juiz causou comoção em Mato Grosso. O velório, realizado na Academia Mato-Grossense de Letras, em Cuiabá, foi marcado por protestos pedindo justiça. A cobertura da TV Centro América acompanhou todo o desenrolar do caso. Personagens-chave e investigações No dia 11 de setembro de 1999, o empresário Josino Pereira, citado nas denúncias como um dos intermediários na suposta venda de sentenças, foi preso, mas acabou sendo liberado dias depois por falta de provas. Em 20 de setembro do mesmo ano, a ex-escrevente do TJMT, Beatriz Árias, confessou que viajou com Leopoldino e seu tio, Marcos Peralta, para Ponta Porã (MS), onde o juiz buscava mais provas para o caso. Em 2001, Beatriz foi condenada a 12 anos de prisão. Marcos Peralta, apontado como o autor dos disparos que mataram o magistrado, também foi condenado e morreu na prisão. Josino Pereira voltou a história, em 2011 quando passou pelo primeiro Júri e a maioria dos jurados reconheceu que Josino foi o mandante do crime. No entanto, o júri decidiu que ele não deveria ser condenado. No mesmo ano, a sentença foi anulada pela Quarta Turma do Tribunal Regional Federal (TRF-1) que entendeu que a decisão dos jurados de absolver o réu após considerá-lo culpado foi contraditória. Em 2020 o Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que o Tribunal do Júri poderia realizar um novo julgamento de Josino. O novo julgamento foi realizado em 2022 e mais uma vez o Júri inocentou o empresário. Julgamento de Josino Pereira Josino Pereira voltou a ser alvo das investigações em 2011, quando passou pelo primeiro julgamento no Tribunal do Júri. Na ocasião, a maioria dos jurados reconheceu que ele havia sido o mandante do crime, mas ainda assim decidiram pela absolvição, uma decisão que chamou a atenção pela contradição. No mesmo ano, ele e outras quatro pessoas, entre elas um delegado da Polícia Civil, foram condenados pela Justiça Federal por tentarem provar que o juiz Leopoldino Amaral ainda estaria vivo e morando na Bolívia. A farsa teria sido montada com a intenção de livrar Josino do Tribunal do Júri pela morte do magistrado. A sentença foi posteriormente anulada pela Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que considerou a decisão dos jurados contraditória ao reconhecerem a culpa de Josino, mas optarem por não o condenar. Em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o empresário deveria ser submetido a um novo julgamento. O novo júri foi realizado em 2022, e mais uma vez Josino Pereira foi inocentado. juiz Leopoldino Marques do Amaral Reprodução/TVCA